terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Aridez da Vida



Aridez da Vida

Criei raízes cedo demais...
Podei meus sonhos, deixei de alimentar minhas esperanças e aceitei a vida, resignada.
Vi passar por mim os anos, e com eles foi-se a pureza da minha alma.
Cedo demais, me entreguei à espera da úni

ca mudança natural da vida, mas até para morrer, tem que se ter a conivência da morte.
Quando nada se espera, nada se tem.
Hoje percebo que deixei de lutar cedo demais...
Fui deixando me engolir, pela aridez da vida, pela amargura alheia, pela luta, pela fome, e vi morrer em mim, além da minha beleza, todos os meus sonhos.
Culpa-se alguém por não lutar...uma batalha que começou perdida?
Nestas terras de ninguém, no sertão da minha vida, ser mulher é ser mais um braço na lida.
Um dia tive sonhos, bem sei eu, que os tive.
Mas eles ficaram pra traz, com os dias que se foram, com o amor que nunca tive, com o reconhecimento que nunca veio.
Aqui nasci...aqui estou.
Criando raízes neste chão, de meu Deus...a espera de que chova, assim pelo menos, saberei que minhas raízes vão longe, neste chão, neste lugar, onde me perdi de mim, sem esperança alguma de me encontrar...
Magaly Delgado

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